sexta-feira, 27 de junho de 2014

Micróbios devoram plástico e ajudam a reduzir lixo marinho, diz estudo


Micróbios podem estar contribuindo para reduzir a quantidade de lixo no mar "comendo" o plástico que contamina as águas do planeta, de acordo com uma pesquisa conduzida por oceanógrafos da University of Western Australia, publicada na "PLOS One".

Essas criaturas microscópicas parecem estar biodegradando toneladas de rejeitos que flutuam no mar. Os investigadores analisaram mais de mil imagens de dejetos em frente ao litoral australiano e documentaram pela primeira vez as comunidades biológicas que vivem nestas pequenas partículas de lixo, conhecidas como microplásticos.

"Parece que a degradação do plástico está acontecendo no mar, explicou Julia Reisser, uma das encarregadas do estudo. "Estou entusiasmada porque os micróbios comedores de plástico poderiam ser uma solução para melhorar os sistemas de tratamento de lixo no continente", assegurou.

Embora já tenha sido observada a existência de micróbios que comem plástico em depósitos de lixo, o estudo destaca que seus equivalentes no mar poderiam ser igualmente eficazes. "Os micróbios terrestres precisam de água para crescer e o processo é muito caro. Mas os micróbios marinhos crescem na água salgada e poderiam ser uma foma mais barata de reduzir o volume de lixo", afirmou Reisser.

A ação desses micróbios também poderia explicar porque o aumento de rejeitos plásticos nos oceanos não é tão importante quanto previam os cientistas, segundo a pesquisadora.

Os cientistas têm advertido reiteradamente para a ameaça dos microplásticos - partículas de plástico com menos de cinco milímetros - para os oceanos e em 2012 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estimou em cerca de 13.000 os pedaços de microplásticos por quilômetro quadrado de mar, um fenômeno que se intensifica no Pacífico Norte.

G1

Pesticidas muito usados ameaçam a biodiversidade, dizem cientistas


Alguns dos pesticidas mais utilizados no mundo têm efeitos nefastos sobre a biodiversidade, não se limitando apenas às abelhas, mas que prejudicam também as borboletas, minhocas, aves e peixes, segundo uma avaliação científica internacional apresentada nesta terça (24).

Depois de ter examinado as conclusões de 800 estudos publicado há vinte anos, os autores desta avaliação pedem para endurecer ainda mais a regulamentação sobre os neonicotinoides e o fipronil, os dois tipos de substâncias químicas estudadas, e de "começar a planejar sua supressão progressiva em escala mundial ou, ao menos, formular planos destinados a reduzir fortemente seu uso no mundo".

A avaliação foi feita por um painel de 29 pesquisadores internacionais no âmbito de um grupo de trabalho especializado em pesticidas sistêmicos (concebidos para ser absorvidos pelas plantas). Este grupo aconselha, entre outros, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), o organismo que vigia a saúde da biodiversidade mundial através de sua lista vermelha de espécies ameaçadas.

As conclusões são publicadas em oito artigos durante o verão na revista "Environmental Science and Pollution Research", afirma este grupo de trabalho.

Impacto

Os pesticidas estudados são "os mais utilizados hoje no mundo, com uma quota de mercado estimada em 40%" e também "são utilizados normalmente nos tratamentos domésticos para a prevenção das pulgas nos gatos e nos cachorros e na luta contra os cupins nas estruturas de madeira".

Os efeitos vinculados à exposição de pesticidas "podem ser imediatos e nefastos, embora também crônicos", afirmam os pesquisadores. Os efeitos são diversos, como a perda de olfato ou de memória, uma perda de fertilidade, diminuição da ingestão de alimentos, abelhas que forrageiam menos ou uma capacidade alterada das minhocas de cavar túneis.

Estes pesticidas são denunciados há anos como uma das causas que explicam o declive das populações de abelhas. A União Europeia já suspendeu em 2013 o uso do fipronil e de três neonicotinoides devido aos seus efeitos nos polinizadores.

Globo Natureza

domingo, 15 de junho de 2014

Demonstração do exoesqueleto decepciona na abertura da Copa


Em um flash de 3 segundos, o paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, usando uma veste robótica que seria comandada pelo cérebro, moveu seu pé direito e deu um pequeno chute em uma bola de futebol durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira (12).

Antes do espetáculo musical que apresentou a faixa-título da Copa, a demonstração esperada desde 2011 por paraplégicos de todo o mundo e que consumiu R$ 33 milhões - boa parte vinda do governo federal - foi vista apenas de relance. Em pé, Juliano, vestindo a estrutura metálica que pesa 70 quilos e apoiado por duas pessoas, mostrou o resultado do trabalho de 156 cientistas de 25 países que, liderados pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, viabilizaram a demonstração no início do campeonato.

"Somos a favor de avanços tecnológicos e pesquisas científicas, mas não podemos concordar com a 'espetacularização' de uma tecnologia incipiente e que não está madura para produção em massa. A exposição causará falsas expectativas nas pessoas com deficiência e reforçará estigmas negativos e preconceitos. Não me parece promissor, não ajudará pessoas com deficiência a voltarem a andar e não será utilizado no dia a dia (tanto pelo custo impraticável como pela falta de autonomia). Finalmente, parece-me absurdo investir mais de R$ 33 milhões (boa parte de recursos públicos) em algo que não trará benefícios ou soluções. Agrego a tudo isso profunda decepção com a participação do exoesqueleto na cerimônia de abertura, que acabo de assistir. Sem dúvida, a demonstração evidenciou que o experimento não funciona e não atendeu sequer as promessas divulgadas. Decepcionante!" - Luiz Portinho, advogado gaúcho e presidente da Rio Grande do Sul Paradesporto

"Vi algumas demonstrações do exoesqueleto nos Estados Unidos, em versões preliminares. No entanto, é muito grande e não serve para todos. Acho que ele deve ser combinado com estímulos elétricos para promover movimentos mais ativos, em vez dos completamente passivos. É um bom começo e beneficiará várias pessoas com deficiência." - Paul Lu, cientista americano paraplégico que pesquisa o uso de células-tronco para lesões de medula na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos Estados Unidos

"O que foi exibido ao mundo, infelizmente, é tudo o que já se sabia do exoesqueleto: uma dúvida profunda a respeito de todos os seus potenciais, desdobramentos e capacidades. A questão, agora, não é mais ser cético em relação a um avanço científico que pode revolucionar vidas, é cobrar vigorosamente seriedade e luminosidade com promessas que envolvam dinheiro público, almas angustiadas e anseios de milhões de pessoas." - Jairo Marques, jornalista, cadeirante paulistano e colunista do jornal Folha de S.Paulo

"Esse pequeno chute é um grande passo para a ciência, que mostra que o homem é capaz de sonhar e de tentar colocar em prática seus sonhos. No entanto, acredito que pesquisas como a estimulação elétrica, feita por pesquisadores brasileiros, é uma maneira bem mais inteligente de recuperar os movimentos dos paraplégicos. São duas frentes de estudos que podem fazer com que pessoas com lesões medulares possam realizar o sonho de voltar a andar." - Benny Schimidt, chefe do laboratório de patologia neuromuscular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

"A demonstração é um ato simbólico do esforço para usar a ciência e a robótica moderna no lugar da tecnologia centenária das cadeiras de rodas. Podemos e devemos superar essa era antiga e fazer algo melhor. Nicolelis e seus colegas estão, claramente, dando um passo nessa direção. O mais importante é que essa tecnologia possa se tornar prática e útil para pessoas com lesões e que ela seja tão confiável e efetiva quanto uma cadeira de rodas. Veremos no futuro se esse será ou não o caso." - Mark Tuszynski, neurocientista americano e diretor do Center for Neural Repair da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos Estados Unidos

"A demonstração é positiva, pois chama a atenção para os paraplégicos. No entanto, é um show para abertura da Copa, sem mostrar grandes avanços científicos. Em 2012, uma paraplégica correu uma maratona com um exoesqueleto e essa não é uma tecnologia nova. Além disso, a estrutura é muito pesada, de 70 quilos e, se houver uma queda, isso pode levar a graves lesões — pessoas com lesões medulares costumam ter osteoporose e qualquer queda é perigosa. O exoesqueleto não vai resolver o problema de quem tem lesões medulares." - Alberto Cliquet Júnior, professor titular do departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unicamp e de Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo (USP)

"Mesmo depois da demonstração não fica muito claro se isso será um avanço. A ciência, tradicionalmente, é movida por cientistas que publicam suas descobertas em revistas científicas rigorosas que promovem uma análise justa dos feitos dos cientistas. Isso ainda não foi feito com o projeto Andar de Novo. Estou curioso para o momento em que isso seja feito e então cientistas e engenheiros poderão avaliar os progressos que esse time fez." - Daniel Ferris, neurocientista e professor da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos

Planeta Sustentável